terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

tema 2015: os estaleiros


Vila do Conde sempre teve uma forte ligação com o rio e com o mar, que se acentuou ainda mais com a construção do estaleiro naval na época dos Descobrimentos, sendo que a arte e ofício da construção naval é, na cidade, anterior a este período da história. Em 1994 os estaleiros navais foram transferidos para a margem esquerda do Ave, lugar onde atualmente continuam a construir os barcos.

Para andar à pesca e para atravessar o rio era necessário haver barcos e havendo barcos era preciso que os construíssem e reparassem. Atendendo a esta lógica simples, mas de todo verdadeira, pode concluir-se que a construção naval tem, pelo menos, a mesma idade do burgo, ainda que de uma forma rudimentar e de uma atividade necessariamente diminuta. (...) Vimos como os nossos estaleiros foram crescendo nos primeiros duzentos da nacionalidade. Viriam a atingir grande prosperidade com as conquistas no norte de África. É mesmo sabido que muitas embarcações que partiram à conquista de Ceuta foram construídas em Vila do Conde e que daqui partiram, também, a levar o pão que era preciso naquela zona de África. O comércio com o norte da Europa, donde provavelmente foram trazidas as rendas de bilros que hoje tanto nos celebrizam, ocupava grande número de embarcações e mareantes. A fama dos nossos carpinteiros da ribeira e calafates chega à capital do reino. (...)
Monteiro dos Santos, in Páginas Verdes - Vila do Conde, Maio 1994

Não se pode atualmente fazer uma ideia, sequer aproximada do movimento e atividade que isso imprimia a esta Vila o seu estaleiro, no tempo em que toda a margem do Ave, desde a Alfândega até ao Cais das Lavandeiras, era insuficiente para se erguerem as quilhas dos navios em construção e contratados para construir. Não era só aos carpinteiros da ribeira que o estaleiro dava trabalho. Os ferreiros, os calafates, polieiros, cordoeiros, entalhadores e muitos outros artífices, tinham ali durante o ano trabalho remunerador.”
in Commercio de Villa do Conde, Maio 1908




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