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domingo, 5 de abril de 2015

testamento

... e antes de arder na fogueira, deixa o Judas em testamento:
À Dona Jaquina Ranço Que sempre deu de beber Por igual a cada tanso Que lhe ficou a dever Quero deixar à patroa No testamento qu'eu fiz Lembrança que muito boa Para fazê-la feliz Instrumento lhe vou deixar Do melhor e do mais belo Pra ela recuperar Fazendo vinho a martelo Prás suas ricas filhinhas Quando forem diplomadas Eu vou dar-lhes três prendinhas Que as deixará animadas Nesta país não cabem No seu pobre galinheiro Velhos e jovens que sabem Têm que ir pró estrangeiro Aqui eu deixo as passagens Prá viagem de avião Vão partir pra outras paragens Quem sabe se voltarão No alto de Santa Clara Há um mosteiro lavado Fez plástica na cara Mas continua fechado Vai voltar o tribunal Pra tão grande monumento? Julgo isso muito mal Porque não tem cabimento Deixo-lhe artes e ofícios Para em centro se tornar Valem bem os sacrifícios Que a terra fica a lucrar Quantas casas pequenas Nas Caxinas se acabaram Neste século nas Caxinas Os tempos muito mudaram Já nada é como dantes Um arranha-céus ao lado E o Senhor dos Navegantes Acordou estrangulado
Aos caxineiros valentes Em testamento que eu faça Deixarei ferros potentes Para acabar coa desgraça Já no tempo dos mosquitos A coisa assim se passava Só ficavam os bonitos O resto se escorraçava Outros insectos chegaram Para formarem o círculo Mesmo canção entoaram Para ganharem currículo A prenda que eu vou deixar A essa gente abençoada É uma sala de estar Para não fazerem nada Aos artistas vou deixar Antes de me ir embora Um presente pra lembrar Os de cá e os de fora É antiga tradição Sempre foi assim aqui Quando o artista for bom Toda a terra lhe sorri Vou deixar-lhes duas brasas Para aquecer no Inverno O serão das suas casas Que ir à rua é um inferno Pobre Sócrates na prisão Padeceu de coisas chatas Para ajudar seu irmão foram daqui as beatas Levaram-lhe cantoria Lindo hino de louvor Para voltar a alegria Àquele dúbio doutor Aqui está cá quem bem promete Tenho tudo preparado Vou deixar-lhe a Internet Para rever seu passado Políticos do meu país Gente sem nenhum talento Afinai vosso nariz Pra cheirar o sofrimento Este povo que é tão bom E já correu meio mundo Está agora sem tostão Como ele caiu tão fundo Vós políticos sois culpados Desta miséria da gente Deixo-vos dois rebuçados Que o povo fica contente Lembro agora um senhor “Génio da banalidade” Todo cheio de rancor Quando vê a qualidade Ficou todo encavacado Quando o Nobel o crismou O país foi ultrajado Nem a Maria gostou Vou deixar-lhe uma cagarra Que sei que ele vai gostar Se ele quiser, ele agarra Pró seu presépio enfeitar Antes que me chegue a hora Quero um voto meu deixar Para a Nuvem Voadora Que gosta de se queimar Vejo-os aqui à minha beira Cansados de trabalhar Não os espera a fogueira Para o ano vão voltar Eu a eles vou deixar P'ra não ficarem à míngua A pedra de amolar Para afiarem a língua.



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ardeu o Judas!

[fotografia: Margarida Ribeiro]




... e o ano recomeça!


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quarta-feira, 25 de março de 2015

ensaios: o grupo da tasca!





fotografia: Margarida Ribeiro



Continuam os ensaios!  E a família é grande...



direção artística Pedro Correia
dramaturgia João Pedro Azul, Pedro Correia
direção musical Rui Alves Leitão
interpretação Adriana Ribeiro, Ana Alves, alunas de dança do Grupo Desportivo e Cultural Azurara, Casimiro Teixeira, Frederica Roque, Grupo de Teatro Amador Os Camaleões, Ponto e Vírgula - Grupo Cénico da Associação Cultural e Recreativa de Modivas, João Aragão, Jorge Freitas, Luís Almeida, Marta Costa, Neusa Fangueiro, Os Rompe Solas, Rock Pires
apoio à direção de atores Neusa Fangueiro, João Pedro Azul, Xana Miranda
cenografia Boca de Cão, Teatro e Marionetas de Mandrágora
apoio à cenografia Filipe Teixeira, Filipe Campos, Pedro Azevedo, Joana Domingos
direção de dança Maju Vasques
músicos Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Vila do Conde, Grupo de Cavaquinhos do Clube Sénior d’O Tecto
figurinos e caracterização Lola Sousa, Nuno Encarnação
direção técnica e desenho som Rui Alves Leitão
desenho de luz Paulo Brites | halO
produção executiva Susana Duarte
fotografia Margarida Ribeiro
ilustração + spot vídeo Filipe Larangeira
design gráfico Mário Rui Martins
comunicação Mafalda Martins
contabilidade Elisabete Costa, Paulo Azevedo
voluntários Helena Laranja, Tânia Soares
organização/produção nuvemvoadora


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terça-feira, 24 de março de 2015

bocas & versos



fotografia: Margarida Ribeiro


O Testamento do Judas é, por tradição, realizado a partir dos depoimentos anónimos da população, traduzindo em tom crítico e de sátira os males da sociedade. Os vilacondenses têm nas últimas edições demonstrado, de forma crescente, a sua vontade em ter voz neste momento fulcral do espetáculo. Serão então reunidas essas várias contribuições que funcionarão como guia para a construção do texto final do Testamento do Judas.

Todos os contributos são bem-vindos! Envie os seus versos & bocas para: nuvemvoadora@nuvemvoadora.com


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cenografia-in-progress III





fotografia: Margarida Ribeiro


Numa viagem às memórias de um passado não muito distante, é reconstruída nos Estaleiros de Vila do Conde uma embarcação de histórias pessoais, chamada FUTURO. 

A cenografia e a construção do Judas é assinada pelos Boca de Cão e pelo Teatro e Marionetas de Mandrágora. No apoio à cenografia está o Filipe Teixeira, o Filipe Campos, o Pedro Azevedo e a Joana Domingos.


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sexta-feira, 20 de março de 2015

Um Barco Chamado Futuro!



"À Tasca, à tasca, senhores! Oh que maré tão de prata! Um vinhozinho que mata e valentes remadores!"

Numa viagem às memórias de um passado não muito distante, reconstruímos nos Estaleiros de Vila do Conde uma embarcação de histórias pessoais, chamada FUTURO. Há bota-abaixo em Sábado de Aleluia! 

A Queima do Judas é um espetáculo de rua comunitário e multidisciplinar, que funde as linguagens do teatro de rua, do circo, da dança, da música, do vídeo ou da fotografia, integrando grupos convidados e várias entidades locais. Aposta, por um lado, em temáticas diretamente ligadas às tradições de Vila do Conde e, por outro, nas questões relacionadas com a comunidade e com o momento atual. 

Em 2015, a Queima do Judas propõe-se ir ao encontro dos vila-condenses que estiveram ligados aos antigos Estaleiros Navais de Vila do Conde para ouvir as suas histórias e recuperar as memórias desta arte ancestral da cidade. Uma forma de homenagear também os mais velhos e a sua sabedoria de vida, aqueles que nos contam as histórias que melhor nos permitem entender o futuro.

A dramaturgia é assinada por João Pedro Azul e Pedro Correia, numa criação coletiva.






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quarta-feira, 11 de março de 2015

cenografia-in-progress II






Os trabalhos de cenografia e construção do judas estão este ano a cargo dos grupos Boca de Cão e Teatro e Marionetas de Mandrágora.



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cenografia-in-progress





"À Tasca, à tasca, senhores! Oh que maré tão de prata! Um vinhozinho que mata e valentes remadores!"

Continuam a decorrer os trabalhos de cenografia e dramaturgia da Queima do Judas 2015.


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domingo, 8 de março de 2015

uma câmara escura itinerante

fotografia de Margarida Ribeiro













A Margarida Ribeiro - que está a desenvolver um projeto de exploração fotográfica com base câmara escura, que é possível acompanhar no Diário da Câmara Escura  é responsável por uma das atividades paralelas da Queima do Judas 2015. 

Trata-se de uma Câmara Escura Itinerante – uma espécie de máquina fotográfica à moda antiga – que anda a circular por Vila do Conde, e em especial no espaço dos antigos estaleiros, para registar lugares e pessoas e para mostrar aos vilacondenses como funciona o processo pinhole em fotografia.


"É, acima de tudo, um regresso às origens e aos processos quase artesanais do início da fotografia. O processo demorado da captação de uma imagem opõe-se ao ritmo frenético do quotidiano: fotografar implica registar apenas uma imagem por câmara, ter 4 ou 5 preparadas para as diferentes experiências, revelar o negativo no laboratório, falhar muitas vezes as exposições e os movimentos, ter de regressar ao local para fotografar novamente... Obter uma imagem implica um tempo, que é um outro tempo, anterior ao da revolução digital e à velocidade das imagens e da informação. Por outro lado, o resultado é sempre surpreendente: não é a esperada imagem nítida e óbvia, mas sim o que resulta dos desenhos da luz em movimento durante um determinado tempo de exposição (segundos, minutos ou horas). É uma outra forma de viver o tempo, mais lenta. É também um teste de paciência ou uma terapia. É um processo mágico que permite ver a realidade de outra forma, com espaço de reflexão.



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o cartaz!




A Queima do Judas já tem a imagem gráfica da edição de 2015. A ilustração é do Filipe Larangeira e o design gráfico do Mário Rui Martins.



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segunda-feira, 2 de março de 2015

... em conferência de imprensa




A Queima do Judas recebeu um grupo de jornalistas para a apresentação da edição de 2015. A conferência de imprensa aconteceu no Museu da Alfândega de Vila do Conde, a 3 de março.




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no terreno!

Fotografia: Margarida Ribeiro


A Queima do Judas foi para o terreno, procurando recolher estórias e imagens do imaginário dos antigos Estaleiros Navais de Vila do Conde.

Vila do Conde sempre teve uma forte ligação com o rio e com o mar, que se acentuou ainda mais com a construção do estaleiro naval na época dos Descobrimentos, sendo que a arte e ofício da construção naval é, na cidade, anterior a este período da história. Em 1994 os estaleiros navais foram transferidos para a margem esquerda do Ave, lugar onde atualmente continuam a construir os barcos.

Na visita ao Estaleiro Naval Samuel e Filhos Lda., a equipa falou com os trabalhadores e com os responsáveis da empresa, na procura de histórias, documentos, fotografias e vídeos sobre esta arte ancestral da cidade.

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

work in progress: segunda reunião



A 2ª reunião geral da Queima do Judas 2015 decorre na sexta-feira, 27 de fevereiro, pelas 21h30, na Junta de Freguesia de Vila do Conde (Rua Dr. Pereira Júnior, 228). 

Tempo de apresentar o guião e distribuir as personagens do espectáculo. 

A participação de todos é fundamental!


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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

início dos trabalhos: primeira reunião

fotografia: margarida ribeiro


A primeira reunião geral da Queima do Judas 2015 decorreu na sexta-feira, 13 de fevereiro, pelas 21h30.

A reunião realizou-se na Junta de Freguesia de Vila do Conde (Rua Dr. Pereira Júnior, 228), sendo apresentado o tema e o local do espetáculo de 2015, bem como partilhadas as bases da história central. 

A participação de todos é fundamental!



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tema 2015: os velhos

fotografia: Carlos Adriano, Arquivo Municipal de Vila do Conde

A presente edição da Queima do Judas propõe-se recuperar as histórias e as memórias das pessoas mais velhas que trabalharam e viveram o funcionamento dos antigos estaleiros navais de Vila Conde, trabalho a partir do qual será realizada a narrativa do espetáculo.

Ser velho é viver contra o corpo até chegarmos a um momento em que a luz do sol nos parece uma dádiva inestimável e vale a pena viver apenas para fazermos a fotossíntese das tardes.” valter hugo mãe, in A Máquina de Fazer Espanhóis




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tema 2015: os estaleiros


Vila do Conde sempre teve uma forte ligação com o rio e com o mar, que se acentuou ainda mais com a construção do estaleiro naval na época dos Descobrimentos, sendo que a arte e ofício da construção naval é, na cidade, anterior a este período da história. Em 1994 os estaleiros navais foram transferidos para a margem esquerda do Ave, lugar onde atualmente continuam a construir os barcos.

Para andar à pesca e para atravessar o rio era necessário haver barcos e havendo barcos era preciso que os construíssem e reparassem. Atendendo a esta lógica simples, mas de todo verdadeira, pode concluir-se que a construção naval tem, pelo menos, a mesma idade do burgo, ainda que de uma forma rudimentar e de uma atividade necessariamente diminuta. (...) Vimos como os nossos estaleiros foram crescendo nos primeiros duzentos da nacionalidade. Viriam a atingir grande prosperidade com as conquistas no norte de África. É mesmo sabido que muitas embarcações que partiram à conquista de Ceuta foram construídas em Vila do Conde e que daqui partiram, também, a levar o pão que era preciso naquela zona de África. O comércio com o norte da Europa, donde provavelmente foram trazidas as rendas de bilros que hoje tanto nos celebrizam, ocupava grande número de embarcações e mareantes. A fama dos nossos carpinteiros da ribeira e calafates chega à capital do reino. (...)
Monteiro dos Santos, in Páginas Verdes - Vila do Conde, Maio 1994

Não se pode atualmente fazer uma ideia, sequer aproximada do movimento e atividade que isso imprimia a esta Vila o seu estaleiro, no tempo em que toda a margem do Ave, desde a Alfândega até ao Cais das Lavandeiras, era insuficiente para se erguerem as quilhas dos navios em construção e contratados para construir. Não era só aos carpinteiros da ribeira que o estaleiro dava trabalho. Os ferreiros, os calafates, polieiros, cordoeiros, entalhadores e muitos outros artífices, tinham ali durante o ano trabalho remunerador.”
in Commercio de Villa do Conde, Maio 1908




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queima do judas 2015: o tema

fotografia: http://caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

Em 2015, a Queima do Judas propõe-se ir ao encontro dos vila-condenses que estiveram ligados aos antigos Estaleiros Navais de Vila do Conde para ouvir as suas histórias, das quais será criado o tema central da edição deste ano.

Os antigos Estaleiros Navais de Vila do Conde são o tema de inspiração da edição de 2015 da Queima do Judas. É difícil definir a idade dos estaleiros de construção naval em madeira de Vila do Conde, acreditando-se que a sua origem remonte à época de início do burgo.

Como tema secundário, a Queima do Judas abordará este ano Os Velhos. A par da tendência ocidental, Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo. E onde, apesar disso, nem sempre se encontra o devido respeito pela sabedoria dos mais velhos, aqueles que nos contam as histórias que nos permitem melhor entender o futuro.




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queima do judas 2015





data > Sábado, 4 de abril de 2015, 22h30

local > Largo da Alfândega





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